28 março 2005

Um sentido ecológico exemplar

Muitos dos habitantes da região do Porto, que frequentam o Parque Urbano da Cidade, talvez não saibam que a intenção de construir naqueles terrenos um parque público- onde conviveram a pequena agricultura e uma seca de bacalhau - remonta a 1934. Só muito mais tarde, em 1952, a Câmara do Porto retomaria esse desígnio, acrescentando ao parque um estádio municipal. Dez anos depois, a ideia do estádio foi abandonada e substituída pela criação de uma piscina pública e de um grande pavilhão de exposições.
Como se sabe o pavilhão de exposições - a Exponor - foi construído noutro local. O parque, tal como o conhecemos hoje, só começou a ganhar forma no início dos anos oitenta, com a encomenda de um estudo à Universidade Nova de Lisboa.


Trata-se de um espaço único, pensado à escala urbana, que ocupa uma área de 85 hectares.


Segundo Francisco Flórido de Carvalho (1), citando Sidónio Pardal, o autor do projecto do parque, «recriou-se [ali] o ideal de natureza, ou seja, uma natureza cultural arquitectada de forma confortável e bela, em que se oculta o desconforto e os perigos da natureza em estado bruto».



Mais adiante, FFC afirma que o parque tem «um sentido ecológico exemplar. Com enormes zonas arrelvadas e abertas, grandes lagos que são residência permanente de cisnes, gansos, patos e poiso ocasional de aves em trânsito (...), é também constituído por pequenos lagos e charcos, que embelezam o terreno e são habitat de numerosos batráquios e insectos. Possui também áreas florestadas de diferentes classes de idade, que proporcionam abrigo a avifauna e pequenos roedores, como é o caso de coelhos e ratos de campo».

«É um espaço que ultrapassa a mera função pulmonar da cidade, porque permite ao visitante, o deslumbramento global dos sentidos através das cores e sombras, odores e das diferentes formas do relevo e acontecimentos [edificados]».

(1) in «Parque Urbano da Cidade do Porto - Recenseamento Florístico, Fase I»

7 comentários:

Afonso Henriques disse...

Belo parque.
Sidónio Pardal? O mesmo que apresentou o "Livro Negro" sobre a REN e a RAN?

Poor disse...

É bonito sim senhor!Já pus um post-it seu junto da máquina de café!
Sabe bem ver o seu blog...

AM disse...

Convém lembrar sempre, mas fundamentalmente quando paira a ameaça de espesinhamento por uns milhares de espectadores às corridas dos históricos, a cosntrução de mais um viaduto para o Metro ou de um terminal de transportes.....

Anónimo disse...

PARABÉNS
Obrigado por esta janela aberta sobre o Porto que amamos e que nos orgulha.
Também há o que nos envergonha, mas desse há quem se encarregue de publicitar.

Anónimo disse...

Pois como não podia deixar de ser, recebi este link de blog do norte e foi um prazer para mim, apreciadora da bela cidade do Porto e seus arredores dar uma vita de olhos rápida, que vai concerteza ser mais demorada nos próximos dias.
Obrigada por me ter permitido matar saudades.

Carlos Romão disse...

Afonso Henriques
Ele mesmo! Sidónio Pardal, que apontou o dedo à Reserva Ecológica Nacional e à Reserva Agrícola Nacional, foi o projectista do Parque Urbano da Cidade do Porto.

Amie:
Tomei o café e não me cheirou a 8x4. ;)

Baraberto
Sei das ameaças que pairam sobre o parque e outros locais do Porto. Felizmente, como sugere Vieira Alves, já há espaços na web que têm sido eficientes - apesar da opacidade da câmara municipal - na discussão de decisões que a todos nos afectam.

Paula Lima
Obrigado pela visita e parabéns pelo seu «Paixões e Desejos».

Unknown disse...

Parque como eu nunca vi nenhum igual por este mundo...
Carlos, os meus sinceros parabéns pelo blog mais uma vez [estou farto de elogiar :) ]
Tenho que voltar no tempo até Dezembro '04 (a última vez que estive no Parque da Cidade).
--> o que naum é mto agradável é o ambiente que o rodeia, do lado da Av. Boavista, a partir de uma certa hora do dia... Bah.
1 ab
Kraak/Peixinho aka Porto Paixaum