09 abril 2010

A cidade vista da torre dos Clérigos - II

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Diz-nos Sant’Anna Dionísio que a primeira escola superior, de relativo nível científico, criada no Porto nasceu de uma iniciativa da burguesia portuense. Em 1761, os negociantes mais representativos do velho burgo, dirigiram uma petição a D. José I requerendo autorização para construir e manter por sua conta duas fragatas de guerra, destinadas a proteger e a comboiar os seus navios de comércio que saíssem ou demandassem a barra do Douro. Um decreto real determinou a criação de uma “aula” designada Real Escola Náutica, que está na origem da Real Academia da Marinha e Comércio, para quem o edifício acima começou a ser construído em 1803, antes da primeira invasão francesa. A Real Academia foi mais tarde transformada em Academia Politécnica e, em 1911, na Faculdade de Ciências. Hoje o edifício alberga a reitoria da Universidade do Porto.

Esta citação, de verdadeiro poder e autonomia da velha urbe, não é despicienda ao observar o Porto numa altura em que a cidade atravessa, talvez, um dos períodos mais críticos da sua história milenar, confrontada com a pobreza, a desertificação, a falta de iniciativa, a ruína do centro histórico e da baixa, e a perda de poder face à inépcia dos seus supostos representantes políticos na capital, deslumbrados com as sinecuras do eldorado centralista.

Voltando à fotografia, no centro está a Boavista com o obelisco do Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular, que durante decénios constituiu o ponto mais alto do local, difícil de distinguir no meio dos edifícios que entretanto por lá cresceram. No último plano, à esquerda, vislumbra-se no horizonte o azul de algo que continua a moldar a urbe, o oceano Atlântico.

5 comentários:

Anónimo disse...

Sim a beleza natural da Grande Invicta mantém-se. Mas infelizmente a gente que lá vive é estúpida a valer!!! Não têm educação nenhuma não sabem viver como gente sociável e, isto não compensa nada a vista linda...

th disse...

Felizmente que esta "personagem" não deve ser do Porto, pelo que das suas gentes tão mal diz e cobardemente se esconde no anonimato.
Carlos, as tuas fotos, como sempre, mostram o carinho que sentes pela nossa cidade, que pelos vistos não só é mal tratada com obras (ou falta delas), como com palavras mal intensionadas e caluniosas.
Um abraço, theo

Carlos Romão disse...

Obrigado e um abraço, Theo.

Fernando Ribeiro disse...

...e em primeiro plano estão as ruínas do centro comercial falhado da Praça de Lisboa, que se espera venha a dar lugar a uma Loja do Cidadão (talvez), e de onde há cerca de dois anos foi roubada uma escultura em bronze de José Rodrigues, chamada "Anja" (porque naquele local tinha funcionado o chamado Mercado do Anjo). A escultura foi derretida pelos ladrões e José Rodrigues já não tem o molde que lhe permita fundir outra.

maria mamede disse...

...a minha Cidade, tem também tardes languescentes...

excerto dum poema à mina/nossa cidade.

bj
M.M.