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05 janeiro 2009

Janelas do Tempo - IV

Rua de Santa Catarina

A fotografia abaixo, da Casa Alvão, não prima pelo enquadramento nem pela beleza. Digamos que seria uma daquelas fotos que hoje, com a facilidade da manipulação digital, apagaríamos por não ter interesse. No entanto, apesar de não se perceber exactamente o que o fotógrafo quis retratar, porque os componentes principais da imagem – a rua de Santa Catarina e o edifício da esquina com a Praça da Batalha – nos aparecem amputados, o tempo concedeu-lhe um estatuto de interesse ao trazer até nós alguns pormenores de um mundo definitivamente desaparecido.

O volume do conjunto de edifícios que compõem o quarteirão em causa, que vai até à Rua de Passos Manuel, não foi muito alterado. A mudança estará nas lojas ao nível da rua e na maneira de vestir dos poucos transeuntes, que se apresentam enchapelados.

No local onde está hoje a Livraria Latina, aquela que ostenta no cunhal o busto de um Camões garboso - da autoria do pintor e escultor António Cruz - vemos uma casa que anuncia Ferragens e Gramofones.

Por Santa Catarina corriam, então, duas linhas de carros eléctricos, o 16 e o 17 que ligavam a Batalha, pela Boavista, a Matosinhos e à Foz.

A escadaria de acesso lateral à Igreja de Santo Ildefonso não tinha ainda sido removida, para dar lugar a duas lojas que, apesar de pequenas, impediram a Porto 2001 de repor - no âmbito da remodelação da Praça da Batalha - o conjunto de escadas, ao pedirem uma indemnização exorbitante.






O Coliseu, cuja torre aparece à direita no alto da foto acima, não tinha sido construído. Este pormenor leva-nos a concluir que a imagem da Casa Alvão é anterior a 1941, ano em que foi inaugurada aquela sala de espectáculos.

25 setembro 2008

Setembro no Porto #1

Dois olhares urbanos, em Santa Catarina.



30 agosto 2006

Em Santa Catarina

Santa Catarina irá entrar em obras. Já tinha sido anunciado, contudo, hoje, pela manhã, o Janeiro trazia dados mais concretos. Finalmente há prazos e preços. E vontade, também, para levar a cabo uma ideia que já vem de 2001.



Serão repostos, num pequeno trajecto da rua, os carris dos velhinhos eléctricos, possibilitando a ida do Carmo à Batalha descendo os Clérigos e subindo 31 de Janeiro, e o regresso, de novo a descer, por Passos Manuel até aos Aliados, e voltando a subir ao Carmo pela Rua de Ceuta. Um percurso que se adivinha encantador.



Ignoro o que irá acontecer a Santa Catarina, que parte será renovada, e desconheço o projecto. A rua é tão longa que vai da baixa à alta ligando duas praças. É uma rua de bom traço vinda dum tempo em que se fazia bem a cidade. À semelhança do vale do Douro, e do Porto também, está assente num socalco artificial, construído entre a Batalha e Gonçalo Cristóvão. Daí sobe segura até ao Marquês.

Irá seguramente resistir, até por que o pavimento da parte pedonal é desgracioso. O casamento de blocos de betão com calcário e basalto é infeliz. E a iluminação e os inúmeros obstáculos que por lá semearam as sucessivas vereações camarárias também. É como se a rua que veste casaca calçasse chinelos.







Aconteça o que acontecer, aqui ficam algumas imagens deste Verão, em Santa Catarina, para mais tarde recordar.

14 dezembro 2005

Pessoas


Um par rapioqueiro...


...um mago improvisado...


... gente anónima num fim de tarde frio de Dezembro, entre Santa Catarina e a Batalha.

11 abril 2005

O sonho de António Nascimento

Ter o hábito de passear pelas ruas de uma cidade e observar atentamente as fachadas dos edifícios pode revelar-se compensador. Uma boa parte da história de cada urbe está aí inscrita, como se de um livro se tratasse. É só abri-lo e lê-lo, para podermos datar um prédio, avaliar as suas funções e até a ambição e o ideal de quem o mandou construir.



O edifício que é hoje conhecido como sendo da FNAC, na Rua de Santa Catarina, foi encomendado a Marques da Silva, um dos mais prestigiados arquitectos portuenses, por António Nascimento, um próspero industrial de marcenaria com fábrica no Freixo, intitulado o maior produtor de móveis da Península Ibérica. Era intenção do industrial construir um grande armazém de decoração de interiores.

Marques da Silva, depois de ter feito uma longa viagem pela Europa para observar estabelecimentos congéneres, apresentou o primeiro estudo dos Grandes Armazéns Nascimento em 1914. O edifício, contudo, só foi inaugurado em 1927.

A sorte terá andado arredia do laborioso industrial que viu a fábrica do Freixo destruída por um incêndio em 1934. António Nascimento foi assim obrigado a vender os armazéns em 1939.



Depois dessa data e até aos anos setenta, funcionou lá o Café Palladium. Este nome manter-se-ia nas Galerias Palladium, um pronto-a-vestir que terá durado até meados dos anos oitenta. Actualmente convivem naquele espaço duas multinacionais, uma de vestuário e outra de produtos culturais.

O interior dos grandes armazéns foi entretanto descaracterizado. Restou para a memória do presente, a fachada do edifício que Marques da Silva concebeu, à medida do sonho de António Nascimento.

14 março 2005

Camões e a Menina



À direita, Camões no cunhal da Livraria Latina. Do outro lado da rua, na esquina de Santa Catarina com a 31 de Janeiro, a menina, da antiga ourivesaria Reis & Filhos, para quem o poeta olha. O que lhe dirá Camões?


Vós que, de olhos suaves e serenos,
Com justa causa a vida cativais,
E que os outros cuidados condenais
Por indevidos, baixos e pequenos;

Se ainda do Amor domésticos venenos
Nunca provastes, quero que saibais
Que é tanto mais o amor despois que amais,
Quanto são mais as causas de ser menos.

E não cuide ninguém que algum defeito,
Quando na cousa amada se apresenta,
Possa deminuir o amor perfeito;

Antes o dobra mais; e se atormenta,
Pouco e pouco o desculpa o brando peito;
Que Amor com seus contrairos se acrescenta.

Luís Vaz de Camões